ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 02-9-2003.

 

 


Aos dois dias do mês de setembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e três minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o transcurso do quadragésimo aniversário da Universíade de mil novecentos e sessenta e três, realizada em Porto Alegre, nos termos do Requerimento n° 150/03 (Processo n° 4017/03), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador Carlos Alberto Garcia. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, presidindo os trabalhos; os Senhores Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de Araújo, respectivamente representantes do Comitê Executivo e da Direção Técnica da Universíade; o Senhor Lélio Soares Araújo, Presidente do Parathon Clube; o Senhor Ybraim Gonçalves, representante do Conselho Regional de Desportos e da Associação das Federações Esportivas do Rio Grande do Sul - AFERS; o Senhor Wilson Martins, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Coronel Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado-Maior da Brigada Militar; o Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Píeres, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; o Vereador Carlos Alberto Garcia, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e do Hino da Federação Internacional de Esportes Universitários - FISU - e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome das Bancadas do PSB, PPS e PC do B, discorreu acerca da Universíade, lembrando que Porto Alegre sediou, em mil novecentos e sessenta e três, os jogos da Universíade, os quais mobilizaram todo o Estado. Também, mencionou a importância da realização dos jogos na Capital e salientou a possibilidade da integração de Porto Alegre com o mundo, através da promoção de competições esportivas. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada do PSDB, lembrou fatos da época da realização do evento na Cidade de Porto Alegre, historiando sobre a preparação dos jogos na Capital. Ainda, mencionou nomes da época que ajudaram a concretizar o evento na Capital e apontou o empenho da Cidade para elaborar a estrutura e os cuidados no processo de preparação para receber e alojar os atletas de outros países. O Vereador Darci Campani, em nome da Bancada do PT, relatou sua experiência na época em que ocorreram os jogos em Porto Alegre, apontando como característica inerente à Capital produzir grandes eventos. Também, desejou a realização de outros eventos como a Universíade em Porto Alegre, salientando a importância desta para o Município e para o Estado. O Vereador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PTB, mencionou a importância da atividade física para a saúde. Também, apontou a Universíade como veículo de divulgação de Porto Alegre, salientando que os jogos foram um marco na história desportiva e cultural do Rio Grande do Sul. Ainda, saudou a grandiosidade dos jogos e parabenizou a todos envolvidos no evento. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Senhores Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de Araújo, que destacaram a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao transcurso do quadragésimo aniversário da Universíade de mil novecentos e sessenta e três e registrou o lançamento do livro "Universíade 1963 – História e Resultados dos Jogos Mundiais Universitários de Porto Alegre", de autoria do jornalista Rodrigo Koch. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e cinqüenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Carlos Alberto Garcia, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Eu quero até por oportuno, esclarecer que a Casa vive, hoje, um momento muito especial, porque coincide que esta Sessão Solene ocorre simultaneamente com o transcurso da Semana da Câmara Municipal, o que determinou a realização de uma Sessão Solene na tarde de hoje, e também a Semana da Pátria. Essa coincidência faz com que algumas atividades estejam se desenvolvendo simultaneamente na Casa; conseqüentemente, nós temos algumas dificuldades protocolares, que estão sendo progressivamente resolvidas.

Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear os 40 anos da Universíade. Compõem a Mesa: ocupando os lugares à direita e à esquerda, os dois representantes do Comitê Executivo da Universíade e da sua Direção Técnica, respectivamente Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de Araújo; o Sr. Lélio Soares Araújo, pessoa consagrada do desporto gaúcho Presidente do Parathon Clube; o Dr. Ybraim Gonçalves, que representa neste ato o Conselho Regional de Desportos e a AFERS; o Sr. Vilson Martins, representante do Exmo. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Coronel Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado-Maior da Brigada Militar e um dos desportistas destacados no Rio Grande do Sul como Professor de Educação Física; o Sr. Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre; o Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional e do Hino da Universíade.

 

(Ouve-se o Hino Nacional e o Hino da Federação Internacional de Esportes Universitários - FISU.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Diretor-Técnico da Universíade já havia me esclarecido, anteriormente, que o Hino que acabamos de ouvir - que impropriamente apresentamos como sendo o Hino da Universíade, é o Hino da FISU – Federação Internacional de Esportes Universitários -, que, obviamente, é o que marca a abertura dos Jogos Olímpicos Universitários. Por isso, nós cometemos essa pequena impropriedade identificando o Hino como sendo o Hino da Universíade.

Mas, já que estamos corrigindo algumas impropriedades, queremos fazer o registro da presença de pessoas que eu gostaria que se sentissem integrantes da Mesa Diretora. Começo por registrar a presença do meu particular amigo, grande jornalista, homem muito vinculado à Universíade de 1963, Renato Cardoso.

Eu tenho a satisfação pessoal de ter recebido a delegação do Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib, para presidir os trabalhos desta Sessão, o que para mim é uma honra muito grande.

Eu acredito que eu seja, entre os Vereadores que integram este sodalício, um dos raros que participaram diretamente da Universíade, cujo 40º aniversário hoje estamos festejando.

Esta Sessão Solene é uma iniciativa do Ver. Carlos Alberto Garcia, com o respaldo da Mesa Diretora desta Casa e de todos os integrantes deste Legislativo. Por isso nada mais correto do que ser o primeiro pronunciamento a ocorrer nesta Sessão Solene exatamente o do Ver. Carlos Alberto Garcia, que falará também em nome do seu Partido, o Partido Socialista Brasileiro e ainda, do Partido Popular Socialista e do Partido Comunista do Brasil.

Vereador, Vossa Excelência dispõe do período regimental, que lhe é deferido nesta hora, face à circunstância de ser duplamente responsabilizado: como homenageante e também como representante das siglas a que já me referi.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Exmo. Sr. Presidente dos trabalhos deste ato, Ver. Reginaldo Pujol; Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Em primeiro lugar, queremos fazer um agradecimento aos Vereadores, que, de maneira unânime oportunizaram este momento. Queremos também agradecer ao Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre, e a algumas instituições: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através da Prof.ª Silvana, e aqui, hoje, o seu representante, Prof. Ricardo Petersen, como Diretor da Faculdade. Saudando a UFRGS, queremos fazer uma saudação também ao Prof. Mário César Cassel e ao Prof. Jaime Werner dos Reis. Queremos também agradecer ao Grêmio Náutico União, que participou da organização deste evento, através do seu Diretor, Nestor Ludwig. Queremos fazer uma saudação à Brigada Militar, na pessoa da Major Ana, que de forma diuturna esteve presente em todas as reuniões, abrilhantando sempre o nosso evento. Muito obrigado, Major Ana.

Queremos também agradecer ao Parathon, na pessoa do Lélio, que também participou de todas as reuniões. Também à Federação de Basquete – o Carlinhos não está aqui, mas o Humberto Ruga e o Renato Cardoso, que foram presidentes dessa Federação, tenham certeza de que estão bem representados.

Queremos também parabenizar a Federação Universitária Gaúcha de Esportes, por intermédio da pessoa do Walter Jones dos Anjos, que eu tive a oportunidade, quando foi meu presidente da FUGE, de ensinar esse espírito, e aqui eu vejo um com quem tive a oportunidade de trabalhar, o meu velho professor Bruxo; quero fazer uma saudação ao Júlio, o único atleta que participou da Universíade aqui presente, e também ao seu irmão Marco Wolpi, com o qual nós trabalhamos juntos há quase trinta anos. Quero saudar o Prof. Álvaro Laetano, Presidente da APEF; Renato Cardoso, Presidente da Nova Associação das Federações, e quero fazer uma saudação também ao Arthur Dalegrave, ex-presidente do Inter e aqui presente. Senhoras e senhores, hoje há um motivo muito especial para mim, dizer sobre a Universíade. Naquela época eu tinha 11 anos e pude vivenciar como menino algumas competições. Eu e a minha esposa, a Rosa, que está ali presente, tivemos a grata felicidade de ter nosso filho há seis anos participante como atleta, representando o Brasil na Universíade na Itália, em Palermo; isso é muito gratificante. Na semana passada também um atleta do Rio Grande do Sul, Fabiano Peçanha, e seu pai, Prof. Peçanha, técnico do atletismo de Santa Cruz, oriundo de Panambi, conseguiram terceiro lugar na prova de 1.500 metros.

Mas eu quero lembrar algumas coisas que hoje, quando nós começamos a falar, o nosso Presidente dos trabalhos, Ver. Reginaldo Pujol, se emocionou.

Porto Alegre sediou, em 1963, os Jogos Mundiais de Esportes Universitários, conhecido como Universíade. O acontecimento marcou a arquitetura da Cidade e a memória de seus contemporâneos. O conjunto habitacional da Vila Olímpica, lá no bairro Partenon, e o Ginásio da Brigada Militar, na Av. Ipiranga, testemunharam as feições materiais dos jogos em nossa Cidade. As torcidas organizadas dos secundaristas, os bailes da Reitoria e o envolvimento humano das competições ainda não se apagaram. A lembrança ainda continua em muitas pessoas. Ambos os aspectos registraram dez dias que não só mobilizaram a comunidade da capital gaúcha, como o Estado e o nosso País.

Na verdade, a Universíade mobilizou os diversos segmentos da comunidade porto-alegrense. O comitê de organização, presidido por José Antonio Aranha, Diretor de Gabinete de Administração e Planejamento do Governo do Estado, reuniu as principais personalidades do mundo jornalístico esportivo, militar, religioso e associativo do Estado. O comitê executivo, encabeçado por Henrique Halpern - o popular Ferrugem, Presidente, na época, da Federação Universitária Gaúcha de Esportes - a quem o Ver. Reginaldo Pujol homenageou, nesta semana, com uma praça -, assumiu a responsabilidade pelo desenvolvimento das atividades ligadas à realização da Universíade, cuja direção técnica coube a Luiz Augusto Bastian de Carvalho.

O Ginásio da Universíade, pertencente atualmente à Brigada Militar, foi construído em tempo recorde para a realização dos torneios de basquete e vôlei. A Vila Olímpica, para hospedagem dos esportistas, foi montada nas dependências de um conjunto habitacional recém-construído pela Caixa Econômica Estadual, como já dissemos, no bairro Partenon. Os clubes e associações da Cidade colaboraram com a cessão de seus parques esportivos, canchas de competições, ginásios, piscinas de treinos, etc. Várias empresas se somaram à promoção do evento, tendo contribuído para o bom funcionamento dos serviços de transporte, alimentação e infra-estrutura da Universíade. A URGS - naquela época era a Universidade do Rio Grande do Sul -, bastante integrada ao acontecimento, coordenou sua divulgação, tendo montado um Departamento de Imprensa pela publicação de um boletim diário. Senhoras e senhores, sabem onde era realizado? Lá, nas dependências do antigo “Mata-Borrão” de Porto Alegre.

A Universíade realizou-se num período de dez dias, entre 30 de agosto e 8 de setembro de 1963. A solenidade de abertura aconteceu na noite de 31 de agosto, nas dependências do Estádio Olímpico, do Grêmio Football Porto-alegrense, olímpico a partir daquele momento, pois houve uma reformulação de sua pista atlética para acolher os atletas do mundo inteiro que vieram para aquele evento. O público foi estimado em 40 mil pessoas, e lá estava um grande ídolo mundial, Valeri Brunel, recordista mundial de salto em altura. As pessoas puderam assistir ao tradicional desfile de delegações, à execução dos Hinos Nacionais, à apresentação de grupos folclóricos e escolas de samba - pois aqui é o Brasil, terra do samba -, a salvas de tiro de canhão e a um espetáculo pirotécnico. A pira olímpica foi acesa, nada mais, nada menos que pelo bi-campeão olímpico Ademar Ferreira da Silva, nosso principal atleta em termos de Olimpíadas. Deves te lembrar, não é Júlio?

Os jogos contaram com a participação de delegações de 33 países, perfazendo um total de quase 1.500 atletas dessas nacionalidades.

As competições foram distribuídas em nove modalidades, tendo sido batido vinte e seis recordes mundiais universitários.

A Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU -, preparou uma delegação composta de 1.000 atletas, sendo 36 gaúchos, mas sua participação não chegou a causar a sensação, pelo menos em termos desportivos.

O Brasil disputou todas as modalidades esportivas, porém logrou nove medalhas: duas de ouro; sete de bronze. As medalhas de ouro ficaram por conta das atuações das equipes de vôlei feminino e basquete feminino. O saldo geral não pôde, contudo, ser considerado ruim, pois, à época, se o País tinha poucos universitários, seria demasiado pedir que tivesse também atletas competitivos nesse grau de ensino.

Os jogos se encerraram na noite do dia 08 de setembro de 1963, com a repetição dos festejos de abertura e o apagamento da pira olímpica. Em Porto Alegre, ela deixou algumas lições sobre a verdadeira natureza do espírito esportivo, mas também a lembrança viva dos acontecimentos que contribuíram para envolver a nossa Cidade de uma forma mais cosmopolita e fraterna com o mundo. Viva a nossa sempre Universíade! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Depois de ouvirmos o proponente desta homenagem, grande autor desta Sessão Solene, ele, com a sua equipe de trabalho, a quem quero prestar as minhas homenagens pelo empenho de ter se dedicado à preparação de vários atos relativos à Universíade, quero pedir permissão aos Vereadores Darci Campani e Elói Guimarães para conceder a palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo, uma vez que o Vereador se encontra com um problema urgente a ser contornado neste momento, e não quer sair sem fazer a sua manifestação.

Agradecendo pela compreensão dos dois colegas e asseguradas as suas manifestações, concedemos a palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ali está a Bandeira e aqui - queria mostrar para vocês – um cartão de árbitro da partida Iugoslávia e Chile. O árbitro chamava-se Germano Telmar de Carvalho; a assinatura era de Henrique Halpern, Presidente do Comitê Executivo. E, Germano, o dia em que quiseres fazer cirurgia plástica, leva essa foto. (Mostra a foto.) (Palmas.) A TV recém chegava a Porto Alegre, Renato Cardoso, e a pioneira foi a TV Piratini da qual tu participaste, era testemunha de uma época de audácia, de coragem e de um pouquinho de loucura. A nossa rainha no mundo era Ieda Vargas; o melhor cronista da Cidade era o JB – o falecido João Bergman. Artur Dalegrave já se ensaiava como conselheiro do Internacional e o Nestor Ludwig era o vice de futebol. E o JB fazia uma piada com o diretor de futebol José Pinheiro Borda, dizia que enquanto a linha do Internacional costura, José Pinheiro, borda. Esse era o JB que escrevia nessa época. Era tanta ousadia que se transformou em sonho. Era tanta coragem que virou realidade. Um grupo de jovens, então, reivindicava para Porto Alegre a sede do maior encontro universitário do mundo em forma de Olimpíada. E as imensas exigências do Comitê Olímpico Universitário foram, aos poucos, sendo preenchidas com a angústia das necessidades, muitas vezes incompatíveis com a pequena soma de recursos disponíveis. Mas Ildo Meneguetti providenciou, e muito! E para a nossa sorte, o Sr. Eliseu Paglioli, nosso Reitor - uma das maiores figuras desta Cidade de todos os tempos, autor de dois grandes campos universitários em Porto Alegre, três hospitais, Prefeito da Cidade e Ministro da Educação -, foi impecável conseguindo todo o dinheiro federal que era necessário para fazer a Universíade, com os olhos simpáticos do nosso Presidente João Goulart, gaúcho, comparecendo na abertura.

E porque o grupo jovem quis, e porque Porto Alegre quis, aos poucos, os clubes foram se aparelhando, os estádios sendo erguidos, pintados e, paralelo ao tempo que nos espremia, instalados os aparelhos e, milagrosamente, toda a sociedade começou a participar.

A imprensa publicava os releases vindos do Exterior e aumentavam as chances de vermos a nata do esporte mundial e a expectativa de suas chegadas. Aos poucos, começavam a ficar freqüentes as visitas ao aeroporto para receber personalidades e, por fim, com a juventude mundial atlética morando quase 15 dias em Porto Alegre, desenrolaram-se os mais emocionantes espetáculos esportivos da história da Cidade.

A abertura foi um “festaço”; nunca Porto Alegre tinha visto uma festa como aquela. O Estádio superlotado presenciou o espetáculo que leva seu nome para a história e, como um galardão, para aquele grupo de jovens enlouquecidos de coragem e de fidalguia sucediam-se, a toda hora, os recordes mundiais e, inclusive, recordes olímpicos foram batidos nessa Universíade.

Começava com a ida diária à Vila Olímpica, um pouco além do fim da linha do Partenon, onde seis blocos hospedavam os participantes, cada um com um nome de um dos cinco Continentes, e o último funcionando como uma administração daquela área. A grande atração era o refeitório, elogiado por todos, com características internacionais dos 33 países dos cinco Continentes, contentando todos os países com o exotismo local, sentindo-se como se tivessem trazido sua alimentação, fator indispensável para o sucesso atlético do seu próprio país.

Mas o formidável foi o convívio da juventude da Cidade com a juventude mundial, os namoros, os flertes, os clubes abarrotados de gente a cada dia, em toda a geografia da Cidade, que se enfeitou, que respirou avidamente, sofregamente, o mágico ar de uma Olimpíada. Foi a última vez que Porto Alegre sediou uma Olimpíada.

O grande comandante era o Ferrugem. Lembro-me de tantos nomes como o Adonis Escobar, o Aldo Pinto, o Luiz Augusto Bastian de Carvalho, que marcou a Cidade como sendo um dos maiores nadadores do Brasil e, depois, foi juiz de basquete, e marcou, também, a cidade de Porto Alegre, com a construção de três edifícios, que são silhuetas da Cidade, como o do Ipê, o da Caixa Econômica Estadual e o da Assembléia Legislativa. O Humberto Ruga, o Darcy Votto de Araújo, o Roberto Leivas, o Dudu, os irmãos Volpi, especialmente o Júlio; eu me lembro, com muita saudade, de todos os dias encontrar, na sede do Banco do Brasil, o Neder da Silveira, com tanta gente, o Edgar Laurent, o Carlos Alberto Giulian, assim como dos hotéis de Porto Alegre lotados. As casas de família, inclusive, hospedaram atletas que vieram para a Olimpíada, como solidariedade aos visitantes.

Outros que já partiram e muitos que aqui estamos não saímos dessa sede do Banco do Brasil, que emprestou a sua central como local do evento. E a imprensa mundial se alojou na Cidade, no “Mata-Borrão”. Porto Alegre transformou-se, por esse esforço desses jovens, na capital do mundo do esporte universitário.

Hoje, comemoramos, Leomar, 40 anos daquele evento inesquecível, daquele evento de jovens que colocaram a nossa Cidade no mapa-múndi, de forma irreversível, quando as suas ruas foram invadidas, em um inexplicável repente, por este espírito olímpico. E o fizeram de forma perfeita. Com pouco dinheiro, poucos recursos técnicos, mas preenchendo as exigências do Comitê provaram que tudo era possível. Desde então nada é impossível. Tudo é possível pela magia desta Cidade e do seu povo.

Que saudade, velho Ferro, velho Ferrugem, velho Henrique Halpern! (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. Darci Campani está com a palavra e falará em nome do Partido dos Trabalhadores.

 

O SR. DARCI CAMPANI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Como representante da Bancada do Partido dos Trabalhadores gostaria de dar o meu relato, um pouco mais novo comparado com o dos que aqui vieram relatar, mas eu presenciei, com seis anos de idade, as minhas irmãs mais velhas pegando ônibus para virem ao Centro. Naquela época, nós morávamos longe do centro da Cidade, lá na Vila Assunção, mas a turma toda vinha para ver os jogos, e é isso que representa o espírito de uma atividade de tal importância numa cidade como Porto Alegre, ou seja, a mobilização e o impacto que causam a motivação na população da Cidade que recebe um evento desses, em termos de atividade de mobilização da população. Para mim ficou bem gravado, 40 anos depois, mesmo sendo um “pingo de gente”, mas lembro de pegar o ônibus com as minhas irmãs mais velhas e suas amigas para ver os moços jogarem. Eles eram todos atléticos, e era aquele alvoroço na cidade de Porto Alegre. Inclusive, como representante do Partido dos Trabalhadores, que administra a cidade de Porto Alegre há 15 anos, fica o desafio. Com a estrutura que Porto Alegre tem, com grandes clubes de esportes - no futebol, com o Internacional, com o Grêmio, com o Cruzeiro, com o São José -, com grandes clubes sociais: a SOGIPA, o União, o Gaúcho, o Leopoldina e tantos outros; com 3 Universidades: a ESEF, o IPA e a PUC com seu grande centro que está para ser inaugurado. Com toda essa estrutura, creio que nós temos condições de reeditar um outro evento de tal porte na cidade de Porto Alegre, que se caracteriza, exatamente, por ser uma cidade de eventos.

Na minha Associação - eu faço parte da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental -, nós fizemos, no ano passado, um evento aqui com 5 mil pessoas. É essa a característica de Porto Alegre: ser uma cidade de eventos; e o evento na área esportiva mobiliza toda a população, seja gremista, seja colorada, ela vai ao jogo para assistir àquela atividade, e isso desperta toda uma geração para o esporte.

Ouvindo o Ver. Garcia e o Ver. Sebenelo falarem é que me dei conta por que é que, alguns anos depois, eu comecei a praticar judô no Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense - lá se vão mais de 30 anos que eu pratico judô no Grêmio -; por que é que 30 anos depois passei no vestibular da ESEF e, hoje, sou aluno do 3º semestre. Aquilo que me aconteceu, quando eu era uma criança que pegavam pela mão e levavam para assistir aos eventos, mostra como isso funciona na cabeça das pessoas que estão na Cidade quando acontece um evento como esse.

Porto Alegre é uma cidade de eventos, como tem-se caracterizado, e nós, Câmara de Vereadores, Executivo - através da Secretaria Municipal de Esportes – temos de abrir esse compromisso, temos de ir à busca, e com toda essa força que nós temos de pessoas militantes da área do esporte, temos de ir à busca de novos eventos para que, realmente, Porto Alegre mostre sua pujança; há tantos títulos e, agora, recentemente, a nossa atleta do União – a Daiane – é o grande exemplo, já que o futebol não tem-nos trazido tantas glórias, mas os outros esportes hoje têm espaço.

Fica o desafio para que a gente reedite um grande evento na área esportiva na cidade de Porto Alegre para que, daqui a 40 anos, possamos comemorar os 80 anos da Universíade e os 40 anos de uma outra atividade, porque o espírito olímpico, o espírito esportivo, esses ficam semeados a cada ato que se faz desses grandes eventos.

Quero parabenizar os que participaram, na época, como organizadores, deixar o meu depoimento, de uma simples criança que na Cidade transitava e que acabou se envolvendo e, hoje, tem no esporte um motivo de vida. Desejo que possamos, daqui a 40 anos, festejar os 80 anos e ter mais outros eventos do porte da Universíade na cidade de Porto Alegre. Parabéns aos senhores organizadores! Obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de passar a palavra ao Ver. Elói Guimarães, impõe-se um reconhecimento público. O Ver. Elói Guimarães é o 1º Vice-Presidente da Câmara e combinou com o Ver. João Antonio Dib que caberia a mim a honra de presidir esta Sessão Solene, face aos meus vínculos com a Universíade.

Então eu quero agradecer ao Ver. Elói Guimarães, porque é a prova da sua fidalguia - sempre reconhecida por todos nós.

O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu acho, Presidente Reginaldo Pujol, que os Vereadores que me antecederam já adentraram nos detalhes e nas minudências desse grande congraçamento que foi a Universíade, há 40 anos. E me vem à mente uma sentença latina que tudo tem a ver quando se remete o pensamento à fisicultura, à Educação Física, que é sintetizado nesta expressão: mens sana in corpore sano. O corpo estando são, a mente está sã. Quero falar do acontecimento sob os aspectos que influenciaram o futuro do Estado, em especial de Porto Alegre, e, de resto do Brasil, porque a Universíade, pela sua dimensão mundial, pela relação internacional que estabeleceu com o mundo, inclusive sendo um veículo transmissor de divulgação de Porto Alegre, do Estado, do País e da América - dada a dimensão do encontro esportivo -, representou, e inquestionavelmente representa, indubitavelmente, um marco divisor na história desportiva e cultural do Rio Grande do Sul. E nós já estamos contando a história, já estamos hoje, aqui, fazendo a história, rememorando, celebrando a própria história. Quando o historiador do futuro contar a história das artes atléticas da competição da Educação Física, Ver. Carlos Alberto Garcia, ele vai estabelecer exatamente este marco: até a Universíade e depois da Universíade - tal a sua grandiosidade. Nós todos aqui estamos participando deste encontro vemos nas emoções, no olhar, na face daqueles que da Universíade participaram, uma verdadeira carga emocional. E aqui já foi lembrado que o Ver. Reginaldo Pujol teve a oportunidade, na semana que findou, de fazer uma grande homenagem, numa praça na cidade de Porto Alegre, a um dos condutores da Universíade, que foi o nosso querido amigo Ferrugem, que Deus o tenha no Reino do Céu.

Então é um grande momento, Ver. Carlos Alberto Garcia, em que a Casa, a Câmara de Porto Alegre, representantes da Cidade, e, em nome da Cidade, estejam aqui reflexionando, tentando buscar no tempo aquela memória bonita, viva da juventude universitária mundial transitando, interagindo, competindo aqui em Porto Alegre. Esse é um marco importantíssimo para a nossa história.

E não tenho dúvidas de que os desenvolvimentos no terreno desportivo, atlético, na área da Educação Física, da Fisicultura que tivemos aqui no Estado - temos excelentes padrões técnicos nessa área - devem-se, sim, àquela grande carga afetiva, emocional, histórica que a Universíade propôs. Imantou, por assim dizer, a alma de Porto Alegre, a alma gaúcha e, de resto, a alma brasileira e latino-americana. Imaginem o que é, o que representa, o papel dos construtores da Universíade há 40 anos. Imaginem o que é fazer uma competição do tamanho, da grandeza, da envergadura da Universíade. Eu diria até, dados os recursos que não eram muitos, que foi uma obra de gigantes. Aqueles que empalmaram e construíram aquele grande acontecimento, há 40 anos, foram verdadeiros heróis e gigantes e prestaram um magnífico serviço à Cidade, ao Estado, ao Brasil e à América, porque são jogos mundiais. E o Rio Grande, Porto Alegre, ganhou muito com o acontecimento fora dos lindes da competição, do que ele representa, do terreno olímpico da competição. O Estado e a Cidade ganharam, porque o Brasil, o Rio Grande, se projetaram no mundo, nos centros universitários mundiais. Então, hoje, aqui, nós estamos reflexionando sobre o momento que está na memória mesmo na daqueles que não participaram, mesmo na mente dos jovens de 10, 15, 20 anos. Esses jovens têm a história da memória, pela própria comunicação oral, o que foi a Universíade. Se nós falarmos com muitos alunos, em determinadas escolas, eles vão nos dar, por detalhe, o que foi a Universíade. Exatamente é esse o papel do magistério: passar os bons e grandes acontecimentos às gerações que vêm vindo, às gerações do futuro. É um grande momento. E nós queremos, aqui, saudar a todos – também os que se foram, já mencionados, e aqueles que estão no nosso meio – por terem sido construtores da nacionalidade, construtores da cidadania, construtores, enfim, dessa realidade que a todos nos pertence, que é a nossa própria história, os nossos próprios valores. A grande solidariedade que se instalou aqui nos fins agosto e início de setembro, há 40 anos, cimentou para o futuro exatamente este País, esta Cidade, esta Nação que somos, que busca na atividade, seja ela da cultura atlética, de educação física, exatamente a solidariedade, a compreensão, a busca dos valores assentados exatamente no grande princípio, na grande sentença dos romanos, na grande sentença latina, corpore sano in mens sana. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Sr. Luiz Augusto Bastian de Carvalho está com a palavra.

 

O SR. LUIZ AUGUSTO BASTIAN DE CARVALHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Ver. Carlos Alberto Garcia está vinculado permanentemente ao esporte e ao esporte universitário. Deve ser a segunda vez que ele promove uma reunião semelhante a esta.

Falar sobre a Universíade em termos de contar histórias, talvez seja um pouco cansativo, tantas vezes já fomos chamados a falar sobre ela, mas confesso que, passados 40 anos da Universíade, eu penso nela como se fosse nesta semana.

Eu me comovi ao ouvir o Gaudeamus Igitur. Tive um pouco de dificuldade de não derramar uma lágrima, pois, realmente, aquilo tocou no meu coração, porque me trouxe à memória tudo o que aconteceu.

Não fui participante da organização da Universíade, fui participante da parte técnica, como Diretor-Técnico. Então, mais do que eu, quem pode falar das histórias - e falaria uma semana inteira, de tanto que ele sabe, de tanto que fez - é o Dr. Darci de Araújo.

Compete a mim, então, dizer que a Universidade ficou como um marco no esporte do Rio Grande do Sul, a ponto de ser lembrada hoje com pormenores, com detalhes, com o lançamento de um livro esta semana ainda, um livro muito bem elaborado, e eu pergunto: que outro evento de 40 anos de idade no esporte é lembrado assim dentro da nossa Cidade? Pode ser que haja, mas eu tenho que forçar a memória para me lembrar, e a Universíade é lembrada por todos. Como disse o ilustre Vereador, pelos seus participantes, pelos seus assistentes e até pelos jovens que não eram nascidos na época e que já são até maduros hoje.

Foi um trabalho gigantesco, um trabalho que durava o dia inteiro. Na época, eu era Diretor da Assembléia Legislativa, que me colocou à disposição da Universíade, e conseguimos formar uma equipe espetacular, de gente dedicada, e ninguém ganhou um centavo, pelo contrário, muitos gastaram bastante para participar da Universíade. Havia problemas com juízes das competições de atletismo, esse foi um problema fácil de resolver graças à Escola de Educação Física da Universidade do Rio Grande do Sul que colocou todos os seus estudantes, eu não sei se o Verner era estudante na época, ainda não era, ou já era formado? Ele acena-me, confirmando que era professor! E aquela equipe trabalhou dia e noite em diversos esportes, sem uma retribuição, a não ser o agradecimento e a perpetuação na memória do esporte do Rio Grande do Sul. Foi um grande evento, não sei se haverá outro semelhante em Porto Alegre. Acho até que foi a única Universíade – e o Darci pode me ajudar – realizada na América até hoje, a única. Enfrentando a sua direção superior, que eram as cinco pessoas já nominadas: Henrique Halpern, Darci Votto de Araújo, Edgar Sanchez Lauren, Adonis Escobar e Carlos Alberto Giulian, fizeram o que puderam e o que não poderiam fazer e trouxeram a Universíade. Então a eles, principalmente, porque nós, da parte técnica, fomos os executores, mas os planejadores, aqueles que trouxeram a Universíade para Porto Alegre, foram realmente esses cinco nomes e a eles deve ser dado todo o agradecimento do povo do Rio Grande do Sul e desta Câmara, que é a mais perfeita representação da nossa população, aqui estão os representantes do povo de Porto Alegre, e eu vou contar algo que talvez não saibam, eu participei desta Câmara por duas vezes, uma vez quando exerci o mandato de Vereador, por um mês, como Suplente da UDN, em 1956, numa licença do Ver. Adel Carvalho, que não é meu parente, eu exerci o cargo, eu era o segundo suplente, o primeiro suplente era o Ver. Mário Marques que não quis assumir e eu fui chamado, e outra vez, depois quando, hoje, o Deputado Jair Soares, eleito Vereador, convidou-me para ser chefe de gabinete e eu estive com ele aqui trabalhando, eu já era aposentado da Assembléia, mas não podia deixar de servir a um amigo, a um colega, porque ele é funcionário da Assembléia como eu, e é um homem em que eu acredito.

Muito obrigado a esta Câmara, representada pelo seu Presidente da Sessão, Reginaldo Pujol, pelos Vereadores que aqui compareceram e que participam desta solenidade, e pelo Professor Carlos Alberto Garcia, na certeza de que ele ganhou mais um pedaço do coração do esporte universitário do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Sr. Darci Votto de Araújo está com a palavra.

 

O SR. DARCI VOTTO DE ARAÚJO: Boa-noite senhoras e senhores. Conforme diz o Cleomar, ele me seca, porque sou o único, o último representante da Universíade, mas quando o Vereador Garcia me disse ontem que eu vinha falar, disse ele assim: “Tu vais falar, velhinho, trata do coração”, e eu não sabia, para não pagar um vexame, como em outra vez o Cleomar aqui fez, quando foi falar sobre a Universíade e começou a chorar, e aí pensei: vai por escrito? Vai oral? Aí eu pensei, se for oral, vai ser uma confusão, vou tentar por escrito, e fiz um discurso bastante grande, que, agora, vou diminuir pela metade, porque depois que falou o meu querido amigo Ver. Garcia, o Ver. Darci Campani e o Ver. Sebenelo, não vou fazer mais nada!

Eu sempre fico na dúvida se leio ou se falo de improviso. Vou ler.

Querido amigo Presidente da Sessão, amigo de outras lutas, antes e após a Universíade, Dr. Reginaldo Pujol; Sr. Presidente representante da CDR, Sr. Ybraim Gonçalves; querido amigo Dr. Lélio Soares de Araújo, que, infelizmente, não é meu parente, mas poderia ser, Presidente do Parathon Clube; Sr. Vilson Martins, representante do Sr. Prefeito; querido amigo Cel. Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado Maior da Brigada Militar; Capitão Tenente Leandro de Oliveira Pires, da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre; Srs. Vereadores, senhoras e senhores, amigos, amigas, minha nova amiga, particular, em quem estou apostando muito, Major Anamaria; minha filha, meu neto, minha esposa, minha irmã, meu cunhado, demais presentes; querida Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre – se eu não conseguir terminar o discurso, vocês me desculpem -, dignamente materializada, fisicamente, nas pessoas dos seus Vereadores e, muito especialmente, para nós, ainda aqui, da Universíade de 1963, Ver. Reginaldo Pujol e Carlos Alberto Garcia; e ainda, para materializar esta Casa importante, amiga de todos, os especiais funcionários da Casa.

Ontem, no Ginásio da Brigada Militar, por ocasião da maravilhosa festa do basquete, para assinalar a nossa medalha de ouro nos jogos de basquete na Universíade de 1963, após ter sido agraciado com um lindo troféu, recebi a incumbência de falar. Cumpri as ordens deste meu grande chefe, Ver. Garcia.

Querida Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre! Qual é a surpresa? Porque “querida”? Porque de 1963 até hoje, 2003, se passaram 40 anos, e ela nunca mudou. Foi sempre companheira, amiga leal, sincera, justa, importante, interessada, participativa direta; nunca nos disse não, ao contrário, sempre nos disse sim, quando da Universíade de 63. Nos apoiou, nos prestigiou e, o mais importante, acreditou em nós e na Universíade de 63, sem nunca ter nos perguntado: Vai dar certo? É isso aí que vocês querem e pretendem? Não, não esqueçam meus amigos que esta é uma Casa Pública onde as coisas, às vezes, não são fáceis, mas para nós, da Universíade de 63, aqui, foi sempre a nossa Casa, para qualquer problema que houvesse, há 40 anos passados, quando se tratava da Universíade. Aqui, sempre recebemos atenção, soluções, carinho, amor e o principal: segurança com amparo para prosseguirmos e conseguirmos, com sucesso a vitória em todas as frentes, para chegarmos à Universíade e hoje aqui.

Eu tenho recebido, injustamente, algumas críticas de que “só falo em mim”. Não é verdade e todos sabem disso! Graças a Deus - obrigado ao meu grande Arquiteto do Universo, Deus -, ainda estou aqui para, em nome de todos, do Comitê Organizador, do Comitê Executivo, colaboradores especiais, importantes e úteis da Universíade de 63, agradecer sempre, por tudo, a esta Casa, especialmente aos Vereadores Reginaldo Pujol e Carlos Alberto Garcia, que vêm carregando com bravura e denodo o andor da Universíade de 63, sempre exaltando e respondendo homenagens a ela, a Universíade.

Falo em nome de todos os colaboradores dos departamentos que ainda se encontram aqui e os que já estão no outro plano.

A Universíade de 63 foi uma felicidade concreta porque foi completa, composta por homens fora de série, todos craques, e somente por eles serem iluminados é que ainda hoje, após 40 anos, podemos, decorrido tanto tempo, comemorar com alegria e felicidade o evento do século: a Universíade.

Eu não ia citar nomes - dizem que citar nomes não vai dar certo porque vai vir a omissão -, mas eu tenho que citar porque pode ser que, conforme diz o Cleomar, eu não esteja aqui no ano que vem ou na outra programação. Então eu tenho que aproveitar o momento para dizer e falar nas pessoas. Eu sempre digo que sou apenas, e ocasionalmente com muita honra, o porta-voz para agradecimento dos fora-de-série. Então tem os Meneghetti, os Aranha, os Paglioli, os Loureiro da Silva, os Magalhães, os Adonis, os Laurent, os Giuliani, os Severo, os Neper, os Felix Vianna, os Fanti e outros que não sabemos onde andam. Também tem o grande HH, o Henrique Hapel, Ferrugem, um dos cabeças-coroadas da Universíade. Quero também agradecer ao Pujol, pela nova praça com o nome do Ferro. Obrigado, Pujol!

Continuando, na mancada, mais nomes dos quais me lembrei: os Guarita, os Ayub, os Habiaga, os Vechio, os Oscar, os Godoy Bezerra, Major Rupperti, Dr. Sérgio, Luiz Carlos Fortuna, etc., etc.

Como eu pretendo ainda vir a esta Casa em 2013, nos 50 anos da Universíade, aí sim já velhinho, com “8.6” de anos, hoje, por vários motivos, estou feliz, porque estou assistindo que outros iluminados começam a trabalhar para que a U/63 não caia no esquecimento e para preparar uma nova Universíade, conforme diz o meu querido Vereador. Falo no jovem, futuroso e brilhante jornalista Rodrigo Koch, que, num trabalho de muita pesquisa e paciência, editou o primeiro livro sobre a Universíade de 63. Foi ótimo, e obrigado pela importante e valiosa colaboração para a memória da Universíade. No CEME, Centro de Memória do Esporte da UFRGS – o Prof. Nilo Castro, representante –, dirigido pela capacidade e cultura profissional da Dr.ª Prof.ª Silvana, em breve, ao serem inauguradas as suas novas instalações, haverá um espaço especial e único para ser o Museu da Universíade.

A Drª e Profª Cornélia Hulda Volkart, Diretora do Centro de Ciência da Saúde da Unisinos, além de participar na edição do livro do Rodrigo, no sábado, no União, disse, textualmente, que a Unisinos pensa, quer e está trabalhando para realizar outra Universíade. Isso é uma maravilha! O Vereador tinha razão quando disse que se podia fazer.

É por isso, e somente por isso, que tenho que ainda continuar por aqui. Vocês sabem qual é a principal vantagem, entre muitas outras, de eu ainda andar por aqui, junto com o meu amigo Dunga? É que somos os únicos que sabem tudo a mais da Universíade, posso mentir e inventar qualquer coisa que ninguém poderá nos refutar.

Por último, e já dando uma de Maguila, sempre mais um abraço e um recado, ontem no Ginásio da Universíade da Escola de Educação Física da Brigada Militar, fiquei feliz em ver o estado do Ginásio, as competições, os eventos que lá são organizados, o profissionalismo com que é administrado, comandado pela Major Ana Maria e pela Capitã Jaqueline.

Foi uma felicidade muito grande eu conseguir entrar no Ginásio depois de muitos anos.

Vocês sabem que depois da fala do Ver. Carlos Alberto Garcia, do Ver. Darci Campani, do Ver. Cláudio Sebenelo e do Ver. Alceu, me tiraram tudo o que eu ia falar, disseram tudo o que eu ia dizer. Então, como o Ver. Pujol disse que ia me cassar a palavra se eu falasse mais de duas horas, vou terminar.

Obrigado por mais esta homenagem, pela lembrança dos 40 anos da Universíade, e, se Deus quiser, ainda volto aqui nos seus 50 anos.

E há mais uma coisa, eu vou contar uma história, não fiquem brabos.

Quando eu estava na Holanda, em 2001, na casa da minha filha, em Amsterdã, me disseram que eu ia ser homenageado aqui pela Câmara de Vereadores, e eu disse, lá, para minha neta: “Patrícia, parece mentira, depois de quase 40 anos vão começar a reconhecer”. E ela disse, sabiamente: “Mas, vô, que maravilha isso! Faz quase 40 anos e ainda se lembram da Universíade, possivelmente os homens públicos que vão te propor este Título quase que não eram nascidos e ainda se lembram de ti”. Então, hoje depois de ter ouvido a fala dos Vereadores da Casa, é uma emoção muito grande pela verbosidade, pela veemência, pela sinceridade, pelos fatos que eles contaram. A Universíade não vai morrer nunca!

Se Deus quiser, vamos estar aqui nos próximos dez anos para comemorar os cinqüenta anos e ver o Professor Garcia, que acho que não estará mais aqui, será Deputado Federal, se Deus quiser, e vai falar de lá.

Muito obrigado a todos. Major, muito obrigado pelo seu trabalho, fiquei emocionado, agradecido a todos os presentes. Muito obrigado meu amigo Pujol, muito obrigado meu ainda colega Luiz Carvalho, vamos ver se agüentamos eles ainda por muito tempo. Valeu! Desculpem qualquer coisa. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Bem, senhores e senhoras, com o pronunciamento emocionado dos dois representantes da Universíade de 1963 nesta Sessão Solene, o Luiz Augusto Bastian de Carvalho e o Darci Votto de Araújo, nós nos encaminhamos para o término da presente Sessão. Ao tempo em que agradeço a presença de todos os senhores, especialmente do Lélio Soares de Araújo, do Vilson Martins, do Coronel Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado Maior da Brigada Militar, do representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto Alegre, Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires e de inúmeros convidados que prestigiaram esta Sessão Solene, de todos os matizes clubísticos, desde o colorado Arthur Dalegrave até os cruzeiristas que aqui se fazem presentes, e da família tricolor, um pouco encolhida no presente momento, mas sempre presente e confiante. Agradeço, então, a presença de todos. Fico muito feliz em ter presidido esta Sessão. Todos sabem que é um pouco pesado para mim, que participei da Sessão do 10.º ano, do 15.º, do 20.º, do 25.º, do 30.º, não ver presente, hoje, aqui, algumas pessoas. Isso, realmente é um pouco duro para mim, especialmente porque conquistei na vida um irmão que os meus pais não me deram, consegui isso na figura muito especial do Henrique Halpern, o “Ferrugem”, que foi quem me introduziu no amor à Universíade, posterior a sua realização, já que, na oportunidade, quem me conduziu até o edifício do Banco do Brasil para contribuir inicialmente com o Rivadávia Severo no Gabinete de Imprensa foi o seu irmão José Antônio Severo, que me acompanhou depois até o “Mata-Borrão” para trabalhar com o Godói de Bezerra, que, enfermo, não se encontra conosco no dia de hoje. Portanto, eu gostaria de prestar uma grande homenagem a ele, porque realmente o Godói, que o Luiz Carvalho muito bem conhece, nosso companheiro da gloriosa União Democrática Nacional, e, quando toda a imprensa desportiva de Porto Alegre não acreditava na Universíade, entendia que era um monte de irresponsáveis e de aloucados que iriam comprometer a imagem da Cidade, do Estado e do País, o Godói assumiu o nosso Gabinete de Imprensa com grande entusiasmo, com muita dedicação e com muita fé.

Então, agradeço a presença de todos e quero anunciar que o Prefeito João Verle esteve aqui hoje à tarde e o Ver. João Antonio Dib, Presidente da Casa, também me informou que há uma deliberação: nós estamos decretando, hoje, que o meu querido amigo Luiz Augusto Bastian de Carvalho e o meu querido amigo Darci Votto de Araújo estão convocados, desde já, sem direito de estarem ausentes, a estarem conosco no 50.º aniversário da Universíade daqui a dez anos. É um decreto! (Palmas.)

Não encerraremos sem antes dar oportunidade ao Darci, que quer dizer mais uma pequena coisa.

 

O SR. DARCI VOTTO DE ARAÚJO: Desculpe, Vereador, mas eu, hoje, ao entrar aqui, fui chamado a atenção - e aí estão o Ver. Pujol, o Ver. Darci Campani, Cláudio Sebenelo e o Elói Guimarães -, no sentido de que deve ser feito um local que marque a Universíade, porque “o Darci, o Luiz Carvalho, o Dunga, esse pessoal todo vai passar” e eles deram um exemplo que podia ser uma avenida, aquela elevada que existe saindo da Ipiranga, passando em frente ao Ginásio da Universíade, e que ali poderia ser a Elevada da Universíade, que é local que não tem nome nenhum e que marcaria, porque a Universíade merece um logradouro público. Esse é o apelo que eu queria fazer, aliás, apelo não, obrigação, para providenciar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Nesse momento convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença de todos e damos por encerrada a presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 20h55min.)

 

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