ATA DA VIGÉSIMA SEGUNDA
SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 02-9-2003.
Aos dois dias do mês de
setembro de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta e
três minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a homenagear o transcurso do
quadragésimo aniversário da Universíade de mil novecentos e sessenta e três,
realizada em Porto Alegre, nos termos do Requerimento n° 150/03 (Processo n°
4017/03), de autoria da Mesa Diretora, por solicitação do Vereador Carlos
Alberto Garcia. Compuseram a MESA: o Vereador Reginaldo Pujol, presidindo os
trabalhos; os Senhores Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de
Araújo, respectivamente representantes do Comitê Executivo e da Direção Técnica
da Universíade; o Senhor Lélio Soares Araújo, Presidente do Parathon Clube; o
Senhor Ybraim Gonçalves, representante do Conselho Regional de Desportos e da
Associação das Federações Esportivas do Rio Grande do Sul - AFERS; o Senhor
Wilson Martins, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o
Coronel Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado-Maior da Brigada Militar; o
Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Píeres, representante da Delegacia da Capitania
dos Portos de Porto Alegre; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários
de Porto Alegre; o
Vereador Carlos Alberto Garcia, na ocasião, Secretário “ad hoc”. A seguir, o
Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino
Nacional e do Hino da Federação Internacional de Esportes Universitários - FISU
- e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O
Vereador Carlos Alberto Garcia, em nome das Bancadas do PSB, PPS e PC do B,
discorreu acerca da Universíade, lembrando que Porto Alegre sediou, em mil
novecentos e sessenta e três, os jogos da Universíade, os quais mobilizaram
todo o Estado. Também, mencionou a importância da realização dos jogos na
Capital e salientou a possibilidade da integração de Porto Alegre com o mundo,
através da promoção de competições esportivas. O Vereador Cláudio Sebenelo, em
nome da Bancada do PSDB, lembrou fatos da época da realização do evento na
Cidade de Porto Alegre, historiando sobre a preparação dos jogos na Capital.
Ainda, mencionou nomes da época que ajudaram a concretizar o evento na Capital
e apontou o empenho da Cidade para elaborar a estrutura e os cuidados no
processo de preparação para receber e alojar os atletas de outros países. O
Vereador Darci Campani, em nome da Bancada do PT, relatou sua experiência na
época em que ocorreram os jogos em Porto Alegre, apontando como característica
inerente à Capital produzir grandes eventos. Também, desejou a realização de
outros eventos como a Universíade em Porto Alegre, salientando a importância
desta para o Município e para o Estado. O Vereador Elói Guimarães, em nome da
Bancada do PTB, mencionou a importância da atividade física para a saúde.
Também, apontou a Universíade como veículo de divulgação de Porto Alegre,
salientando que os jogos foram um marco na história desportiva e cultural do
Rio Grande do Sul. Ainda, saudou a grandiosidade dos jogos e parabenizou a
todos envolvidos no evento. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos
Senhores Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de Araújo, que
destacaram a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de
Porto Alegre ao transcurso do quadragésimo aniversário da Universíade de mil
novecentos e sessenta e três e registrou o lançamento do livro
"Universíade 1963 – História e Resultados dos Jogos Mundiais
Universitários de Porto Alegre", de autoria do jornalista Rodrigo Koch. A
seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a
execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a
presença de todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e cinqüenta
e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de
amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador
Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Carlos Alberto Garcia, como Secretário
“ad hoc”. Do que eu, Carlos Alberto Garcia, Secretário “ad hoc”, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Eu quero até por
oportuno, esclarecer que a Casa vive, hoje, um momento muito especial, porque
coincide que esta Sessão Solene ocorre simultaneamente com o transcurso da
Semana da Câmara Municipal, o que determinou a realização de uma Sessão Solene
na tarde de hoje, e também a Semana da Pátria. Essa coincidência faz com que
algumas atividades estejam se desenvolvendo simultaneamente na Casa;
conseqüentemente, nós temos algumas dificuldades protocolares, que estão sendo
progressivamente resolvidas.
Estão abertos os trabalhos
da presente Sessão Solene destinada a homenagear os 40 anos da Universíade.
Compõem a Mesa: ocupando os lugares à direita e à esquerda, os dois
representantes do Comitê Executivo da Universíade e da sua Direção Técnica,
respectivamente Luiz Augusto Bastian de Carvalho e Darci Votto de Araújo; o Sr.
Lélio Soares Araújo, pessoa consagrada do desporto gaúcho Presidente do
Parathon Clube; o Dr. Ybraim Gonçalves, que representa neste ato o Conselho
Regional de Desportos e a AFERS; o Sr. Vilson Martins, representante do Exmo.
Prefeito Municipal de Porto Alegre; Coronel Tarso Antonio Marcadella, Chefe do
Estado-Maior da Brigada Militar e um dos desportistas destacados no Rio Grande
do Sul como Professor de Educação Física; o Sr. Capitão-Tenente Leandro de
Oliveira Pires, representante da Delegacia da Capitania dos Portos de Porto
Alegre; o Sr. Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de
Porto Alegre.
Convidamos todos os presentes para, em
pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional e do Hino da Universíade.
(Ouve-se o Hino Nacional e o Hino da
Federação Internacional de Esportes Universitários - FISU.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Diretor-Técnico da
Universíade já havia me esclarecido, anteriormente, que o Hino que acabamos de
ouvir - que impropriamente apresentamos como sendo o Hino da Universíade, é o
Hino da FISU – Federação Internacional de Esportes Universitários -, que, obviamente, é o que marca a
abertura dos Jogos Olímpicos Universitários. Por isso, nós cometemos essa
pequena impropriedade identificando o Hino como sendo o Hino da Universíade.
Mas, já que estamos corrigindo algumas
impropriedades, queremos fazer o registro da presença de pessoas que eu
gostaria que se sentissem integrantes da Mesa Diretora. Começo por registrar a
presença do meu particular amigo, grande jornalista, homem muito vinculado à
Universíade de 1963, Renato Cardoso.
Eu tenho a satisfação pessoal de ter
recebido a delegação do Presidente da Casa, Ver. João Antonio Dib, para
presidir os trabalhos desta Sessão, o que para mim é uma honra muito grande.
Eu acredito que eu seja, entre os
Vereadores que integram este sodalício, um dos raros que participaram
diretamente da Universíade, cujo 40º aniversário hoje estamos festejando.
Esta Sessão Solene é uma iniciativa do
Ver. Carlos Alberto Garcia, com o respaldo da Mesa Diretora desta Casa e de
todos os integrantes deste Legislativo. Por isso nada mais correto do que ser o
primeiro pronunciamento a ocorrer nesta Sessão Solene exatamente o do Ver.
Carlos Alberto Garcia, que falará também em nome do seu Partido, o Partido
Socialista Brasileiro e ainda, do Partido Popular Socialista e do Partido
Comunista do Brasil.
Vereador, Vossa Excelência dispõe do
período regimental, que lhe é deferido nesta hora, face à circunstância de ser
duplamente responsabilizado: como homenageante e também como representante das
siglas a que já me referi.
O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Exmo. Sr. Presidente dos trabalhos deste
ato, Ver. Reginaldo Pujol; Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e
demais presentes.) Em primeiro lugar, queremos fazer um agradecimento aos
Vereadores, que, de maneira unânime oportunizaram este momento. Queremos também
agradecer ao Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre, e a algumas
instituições: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, através da Prof.ª
Silvana, e aqui, hoje, o seu representante, Prof. Ricardo Petersen, como
Diretor da Faculdade. Saudando a UFRGS, queremos fazer uma saudação também ao
Prof. Mário César Cassel e ao Prof. Jaime Werner dos Reis. Queremos também
agradecer ao Grêmio Náutico União, que participou da organização deste evento,
através do seu Diretor, Nestor Ludwig. Queremos fazer uma saudação à Brigada
Militar, na pessoa da Major Ana, que de forma diuturna esteve presente em todas
as reuniões, abrilhantando sempre o nosso evento. Muito obrigado, Major Ana.
Queremos também agradecer ao Parathon, na
pessoa do Lélio, que também participou de todas as reuniões. Também à Federação
de Basquete – o Carlinhos não está aqui, mas o Humberto Ruga e o Renato
Cardoso, que foram presidentes dessa Federação, tenham certeza de que estão bem
representados.
Queremos também parabenizar a Federação
Universitária Gaúcha de Esportes, por intermédio da pessoa do Walter Jones dos
Anjos, que eu tive a oportunidade, quando foi meu presidente da FUGE, de
ensinar esse espírito, e aqui eu vejo um com quem tive a oportunidade de
trabalhar, o meu velho professor Bruxo; quero fazer uma saudação ao Júlio, o
único atleta que participou da Universíade aqui presente, e também ao seu irmão
Marco Wolpi, com o qual nós trabalhamos juntos há quase trinta anos. Quero
saudar o Prof. Álvaro Laetano, Presidente da APEF; Renato Cardoso, Presidente
da Nova Associação das Federações, e quero fazer uma saudação também ao Arthur
Dalegrave, ex-presidente do Inter e aqui presente. Senhoras e senhores, hoje há
um motivo muito especial para mim, dizer sobre a Universíade. Naquela época eu
tinha 11 anos e pude vivenciar como menino algumas competições. Eu e a minha
esposa, a Rosa, que está ali presente, tivemos a grata felicidade de ter nosso
filho há seis anos participante como atleta, representando o Brasil na
Universíade na Itália, em Palermo; isso é muito gratificante. Na semana passada
também um atleta do Rio Grande do Sul, Fabiano Peçanha, e seu pai, Prof.
Peçanha, técnico do atletismo de Santa Cruz, oriundo de Panambi, conseguiram
terceiro lugar na prova de 1.500 metros.
Mas eu quero lembrar algumas coisas que
hoje, quando nós começamos a falar, o nosso Presidente dos trabalhos, Ver.
Reginaldo Pujol, se emocionou.
Porto Alegre sediou, em 1963, os Jogos
Mundiais de Esportes Universitários, conhecido como Universíade. O
acontecimento marcou a arquitetura da Cidade e a memória de seus
contemporâneos. O conjunto habitacional da Vila Olímpica, lá no bairro
Partenon, e o Ginásio da Brigada Militar, na Av. Ipiranga, testemunharam as
feições materiais dos jogos em nossa Cidade. As torcidas organizadas dos
secundaristas, os bailes da Reitoria e o envolvimento humano das competições
ainda não se apagaram. A lembrança ainda continua em muitas pessoas. Ambos os
aspectos registraram dez dias que não só mobilizaram a comunidade da capital
gaúcha, como o Estado e o nosso País.
Na verdade, a Universíade mobilizou os
diversos segmentos da comunidade porto-alegrense. O comitê de organização,
presidido por José Antonio Aranha, Diretor de Gabinete de Administração e
Planejamento do Governo do Estado, reuniu as principais personalidades do mundo
jornalístico esportivo, militar, religioso e associativo do Estado. O comitê
executivo, encabeçado por Henrique Halpern - o popular Ferrugem, Presidente, na
época, da Federação Universitária Gaúcha de Esportes - a quem o Ver. Reginaldo
Pujol homenageou, nesta semana, com uma praça -, assumiu a responsabilidade
pelo desenvolvimento das atividades ligadas à realização da Universíade, cuja
direção técnica coube a Luiz Augusto Bastian de Carvalho.
O Ginásio da Universíade,
pertencente atualmente à Brigada Militar, foi construído em tempo recorde para
a realização dos torneios de basquete e vôlei. A Vila Olímpica, para hospedagem
dos esportistas, foi montada nas dependências de um conjunto habitacional
recém-construído pela Caixa Econômica Estadual, como já dissemos, no bairro
Partenon. Os clubes e associações da Cidade colaboraram com a cessão de seus
parques esportivos, canchas de competições, ginásios, piscinas de treinos, etc.
Várias empresas se somaram à promoção do evento, tendo contribuído para o bom
funcionamento dos serviços de transporte, alimentação e infra-estrutura da
Universíade. A URGS - naquela época era a Universidade do Rio Grande do Sul -,
bastante integrada ao acontecimento, coordenou sua divulgação, tendo montado um
Departamento de Imprensa pela publicação de um boletim diário. Senhoras e
senhores, sabem onde era realizado? Lá, nas dependências do antigo
“Mata-Borrão” de Porto Alegre.
A Universíade realizou-se num período de
dez dias, entre 30 de agosto e 8 de setembro de 1963. A solenidade de abertura
aconteceu na noite de 31 de agosto, nas dependências do Estádio Olímpico, do
Grêmio Football Porto-alegrense, olímpico a partir daquele momento, pois houve
uma reformulação de sua pista atlética para acolher os atletas do mundo inteiro
que vieram para aquele evento. O público foi estimado em 40 mil pessoas, e lá
estava um grande ídolo mundial, Valeri Brunel, recordista mundial de salto em
altura. As pessoas puderam assistir ao tradicional desfile de delegações, à
execução dos Hinos Nacionais, à apresentação de grupos folclóricos e escolas de
samba - pois aqui é o Brasil, terra do samba -, a salvas de tiro de canhão e a
um espetáculo pirotécnico. A pira olímpica foi acesa, nada mais, nada menos que
pelo bi-campeão olímpico Ademar Ferreira da Silva, nosso principal atleta em
termos de Olimpíadas. Deves te lembrar, não é Júlio?
Os jogos contaram com a participação de
delegações de 33 países, perfazendo um total de quase 1.500 atletas dessas
nacionalidades.
As competições foram distribuídas em nove
modalidades, tendo sido batido vinte e seis recordes mundiais universitários.
A Confederação Brasileira de Desportos
Universitários – CBDU -, preparou uma delegação composta de 1.000 atletas,
sendo 36 gaúchos, mas sua participação não chegou a causar a sensação, pelo
menos em termos desportivos.
O Brasil disputou todas as modalidades
esportivas, porém logrou nove medalhas: duas de ouro; sete de bronze. As
medalhas de ouro ficaram por conta das atuações das equipes de vôlei feminino e
basquete feminino. O saldo geral não pôde, contudo, ser considerado ruim, pois,
à época, se o País tinha poucos universitários, seria demasiado pedir que
tivesse também atletas competitivos nesse grau de ensino.
Os jogos se encerraram na noite do dia 08
de setembro de 1963, com a repetição dos festejos de abertura e o apagamento da
pira olímpica. Em Porto Alegre, ela deixou algumas lições sobre a verdadeira
natureza do espírito esportivo, mas também a lembrança viva dos acontecimentos
que contribuíram para envolver a nossa Cidade de uma forma mais cosmopolita e
fraterna com o mundo. Viva a nossa sempre Universíade! Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Depois de ouvirmos o
proponente desta homenagem, grande autor desta Sessão Solene, ele, com a sua
equipe de trabalho, a quem quero prestar as minhas homenagens pelo empenho de
ter se dedicado à preparação de vários atos relativos à Universíade, quero
pedir permissão aos Vereadores Darci Campani e Elói Guimarães para conceder a
palavra ao Ver. Cláudio Sebenelo, uma vez que o Vereador se encontra com um
problema urgente a ser contornado neste momento, e não quer sair sem fazer a
sua manifestação.
Agradecendo pela compreensão dos dois
colegas e asseguradas as suas manifestações, concedemos a palavra ao Ver.
Cláudio Sebenelo.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Ali está a
Bandeira e aqui - queria mostrar para vocês – um cartão de árbitro da partida
Iugoslávia e Chile. O árbitro chamava-se Germano Telmar de Carvalho; a
assinatura era de Henrique Halpern, Presidente do Comitê Executivo. E, Germano,
o dia em que quiseres fazer cirurgia plástica, leva essa foto. (Mostra a foto.)
(Palmas.) A TV recém chegava a Porto Alegre, Renato Cardoso, e a pioneira foi a
TV Piratini da qual tu participaste, era testemunha de uma época de audácia, de
coragem e de um pouquinho de loucura. A nossa rainha no mundo era Ieda Vargas;
o melhor cronista da Cidade era o JB – o falecido João Bergman. Artur Dalegrave
já se ensaiava como conselheiro do Internacional e o Nestor Ludwig era o vice
de futebol. E o JB fazia uma piada com o diretor de futebol José Pinheiro
Borda, dizia que enquanto a linha do Internacional costura, José Pinheiro,
borda. Esse era o JB que escrevia nessa época. Era tanta ousadia que se
transformou em sonho. Era tanta coragem que virou realidade. Um grupo de
jovens, então, reivindicava para Porto Alegre a sede do maior encontro
universitário do mundo em forma de Olimpíada. E as imensas exigências do Comitê
Olímpico Universitário foram, aos poucos, sendo preenchidas com a angústia das
necessidades, muitas vezes incompatíveis com a pequena soma de recursos
disponíveis. Mas Ildo Meneguetti providenciou, e muito! E para a nossa sorte, o
Sr. Eliseu Paglioli, nosso Reitor - uma das maiores figuras desta Cidade de
todos os tempos, autor de dois grandes campos universitários em Porto Alegre,
três hospitais, Prefeito da Cidade e Ministro da Educação -, foi impecável
conseguindo todo o dinheiro federal que era necessário para fazer a
Universíade, com os olhos simpáticos do nosso Presidente João Goulart, gaúcho,
comparecendo na abertura.
E porque o grupo jovem
quis, e porque Porto Alegre quis, aos poucos, os clubes foram se aparelhando,
os estádios sendo erguidos, pintados e, paralelo ao tempo que nos espremia,
instalados os aparelhos e, milagrosamente, toda a sociedade começou a
participar.
A imprensa publicava os releases vindos do Exterior e aumentavam
as chances de vermos a nata do esporte mundial e a expectativa de suas
chegadas. Aos poucos, começavam a ficar freqüentes as visitas ao aeroporto para
receber personalidades e, por fim, com a juventude mundial atlética morando
quase 15 dias em Porto Alegre, desenrolaram-se os mais emocionantes espetáculos
esportivos da história da Cidade.
A abertura foi um “festaço”; nunca Porto
Alegre tinha visto uma festa como aquela. O Estádio superlotado presenciou o
espetáculo que leva seu nome para a história e, como um galardão, para aquele
grupo de jovens enlouquecidos de coragem e de fidalguia sucediam-se, a toda
hora, os recordes mundiais e, inclusive, recordes olímpicos foram batidos nessa
Universíade.
Começava com a ida diária à Vila
Olímpica, um pouco além do fim da linha do Partenon, onde seis blocos hospedavam
os participantes, cada um com um nome de um dos cinco Continentes, e o último
funcionando como uma administração daquela área. A grande atração era o
refeitório, elogiado por todos, com características internacionais dos 33
países dos cinco Continentes, contentando todos os países com o exotismo local,
sentindo-se como se tivessem trazido sua alimentação, fator indispensável para
o sucesso atlético do seu próprio país.
Mas o formidável foi o convívio da
juventude da Cidade com a juventude mundial, os namoros, os flertes, os clubes
abarrotados de gente a cada dia, em toda a geografia da Cidade, que se
enfeitou, que respirou avidamente, sofregamente, o mágico ar de uma Olimpíada.
Foi a última vez que Porto Alegre sediou uma Olimpíada.
O grande comandante era o
Ferrugem. Lembro-me de tantos nomes como o Adonis Escobar, o Aldo Pinto, o Luiz
Augusto Bastian de Carvalho, que marcou a Cidade como sendo um dos maiores
nadadores do Brasil e, depois, foi juiz de basquete, e marcou, também, a cidade
de Porto Alegre, com a construção de três edifícios, que são silhuetas da
Cidade, como o do Ipê, o da Caixa Econômica Estadual e o da Assembléia
Legislativa. O Humberto Ruga, o Darcy Votto de Araújo, o Roberto Leivas, o
Dudu, os irmãos Volpi, especialmente o Júlio; eu me lembro, com muita saudade,
de todos os dias encontrar, na sede do Banco do Brasil, o Neder da Silveira,
com tanta gente, o Edgar Laurent, o Carlos Alberto Giulian, assim como dos
hotéis de Porto Alegre lotados. As casas de família, inclusive, hospedaram atletas
que vieram para a Olimpíada, como solidariedade aos visitantes.
Outros que já partiram e muitos que aqui
estamos não saímos dessa sede do Banco do Brasil, que emprestou a sua central
como local do evento. E a imprensa mundial se alojou na Cidade, no
“Mata-Borrão”. Porto Alegre transformou-se, por esse esforço desses jovens, na
capital do mundo do esporte universitário.
Hoje, comemoramos, Leomar, 40 anos
daquele evento inesquecível, daquele evento de jovens que colocaram a nossa
Cidade no mapa-múndi, de forma irreversível, quando as suas ruas foram
invadidas, em um inexplicável repente, por este espírito olímpico. E o fizeram
de forma perfeita. Com pouco dinheiro, poucos recursos técnicos, mas
preenchendo as exigências do Comitê provaram que tudo era possível. Desde então
nada é impossível. Tudo é possível pela magia desta Cidade e do seu povo.
Que saudade, velho Ferro, velho Ferrugem,
velho Henrique Halpern! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol):
O Ver. Darci Campani está com a palavra e falará em nome do Partido dos
Trabalhadores.
O
SR. DARCI CAMPANI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) Como representante da Bancada do Partido dos Trabalhadores gostaria
de dar o meu relato, um pouco mais novo comparado com o dos que aqui vieram
relatar, mas eu presenciei, com seis anos de idade, as minhas irmãs mais velhas
pegando ônibus para virem ao Centro. Naquela época, nós morávamos longe do
centro da Cidade, lá na Vila Assunção, mas a turma toda vinha para ver os
jogos, e é isso que representa o espírito de uma atividade de tal importância
numa cidade como Porto Alegre, ou seja, a mobilização e o impacto que causam a
motivação na população da Cidade que recebe um evento desses, em termos de
atividade de mobilização da população. Para mim ficou bem gravado, 40 anos
depois, mesmo sendo um “pingo de gente”, mas lembro de pegar o ônibus com as
minhas irmãs mais velhas e suas amigas para ver os moços jogarem. Eles eram
todos atléticos, e era aquele alvoroço na cidade de Porto Alegre. Inclusive,
como representante do Partido dos Trabalhadores, que administra a cidade de
Porto Alegre há 15 anos, fica o desafio. Com a estrutura que Porto Alegre tem,
com grandes clubes de esportes - no futebol, com o Internacional, com o Grêmio,
com o Cruzeiro, com o São José -, com grandes clubes sociais: a SOGIPA, o
União, o Gaúcho, o Leopoldina e tantos outros; com 3 Universidades: a ESEF, o
IPA e a PUC com seu grande centro que está para ser inaugurado. Com toda essa
estrutura, creio que nós temos condições de reeditar um outro evento de tal
porte na cidade de Porto Alegre, que se caracteriza, exatamente, por ser uma
cidade de eventos.
Na minha Associação - eu faço parte da
Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental -, nós fizemos, no
ano passado, um evento aqui com 5 mil pessoas. É essa a característica de Porto
Alegre: ser uma cidade de eventos; e o evento na área esportiva mobiliza toda a
população, seja gremista, seja colorada, ela vai ao jogo para assistir àquela
atividade, e isso desperta toda uma geração para o esporte.
Ouvindo o Ver. Garcia e o Ver. Sebenelo
falarem é que me dei conta por que é que, alguns anos depois, eu comecei a
praticar judô no Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense - lá se vão mais de 30 anos
que eu pratico judô no Grêmio -; por que é que 30 anos depois passei no
vestibular da ESEF e, hoje, sou aluno do 3º semestre. Aquilo que me aconteceu,
quando eu era uma criança que pegavam pela mão e levavam para assistir aos eventos,
mostra como isso funciona na cabeça das pessoas que estão na Cidade quando
acontece um evento como esse.
Porto Alegre é uma cidade de eventos,
como tem-se caracterizado, e nós, Câmara de Vereadores, Executivo - através da
Secretaria Municipal de Esportes – temos de abrir esse compromisso, temos de ir
à busca, e com toda essa força que nós temos de pessoas militantes da área do
esporte, temos de ir à busca de novos eventos para que, realmente, Porto Alegre
mostre sua pujança; há tantos títulos e, agora, recentemente, a nossa atleta do
União – a Daiane – é o grande exemplo, já que o futebol não tem-nos trazido
tantas glórias, mas os outros esportes hoje têm espaço.
Fica o desafio para que a gente reedite
um grande evento na área esportiva na cidade de Porto Alegre para que, daqui a
40 anos, possamos comemorar os 80 anos da Universíade e os 40 anos de uma outra
atividade, porque o espírito olímpico, o espírito esportivo, esses ficam
semeados a cada ato que se faz desses grandes eventos.
Quero parabenizar os que participaram, na
época, como organizadores, deixar o meu depoimento, de uma simples criança que
na Cidade transitava e que acabou se envolvendo e, hoje, tem no esporte um
motivo de vida. Desejo que possamos, daqui a 40 anos, festejar os 80 anos e ter
mais outros eventos do porte da Universíade na cidade de Porto Alegre. Parabéns
aos senhores organizadores! Obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Antes de passar a
palavra ao Ver. Elói Guimarães, impõe-se um reconhecimento público. O Ver. Elói
Guimarães é o 1º Vice-Presidente da Câmara e combinou com o Ver. João Antonio
Dib que caberia a mim a honra de presidir esta Sessão Solene, face aos meus
vínculos com a Universíade.
Então eu quero agradecer ao Ver. Elói Guimarães,
porque é a prova da sua fidalguia - sempre reconhecida por todos nós.
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu acho,
Presidente Reginaldo Pujol, que os Vereadores que me antecederam já adentraram
nos detalhes e nas minudências desse grande congraçamento que foi a
Universíade, há 40 anos. E me vem à mente uma sentença latina que tudo tem a
ver quando se remete o pensamento à fisicultura, à Educação Física, que é
sintetizado nesta expressão: mens sana in
corpore sano. O corpo estando são, a mente está sã. Quero falar do
acontecimento sob os aspectos que influenciaram o futuro do Estado, em especial
de Porto Alegre, e, de resto do Brasil, porque a Universíade, pela sua dimensão
mundial, pela relação internacional que estabeleceu com o mundo, inclusive
sendo um veículo transmissor de divulgação de Porto Alegre, do Estado, do País
e da América - dada a dimensão do encontro esportivo -, representou, e
inquestionavelmente representa, indubitavelmente, um marco divisor na história
desportiva e cultural do Rio Grande do Sul. E nós já estamos contando a
história, já estamos hoje, aqui, fazendo a história, rememorando, celebrando a
própria história. Quando o historiador do futuro contar a história das artes
atléticas da competição da Educação Física, Ver. Carlos Alberto Garcia, ele vai
estabelecer exatamente este marco: até a Universíade e depois da Universíade -
tal a sua grandiosidade. Nós todos aqui estamos participando deste encontro
vemos nas emoções, no olhar, na face daqueles que da Universíade participaram,
uma verdadeira carga emocional. E aqui já foi lembrado que o Ver. Reginaldo
Pujol teve a oportunidade, na semana que findou, de fazer uma grande homenagem,
numa praça na cidade de Porto Alegre, a um dos condutores da Universíade, que
foi o nosso querido amigo Ferrugem, que Deus o tenha no Reino do Céu.
Então é um grande momento, Ver. Carlos
Alberto Garcia, em que a Casa, a Câmara de Porto Alegre, representantes da
Cidade, e, em nome da Cidade, estejam aqui reflexionando, tentando buscar no
tempo aquela memória bonita, viva da juventude universitária mundial
transitando, interagindo, competindo aqui em Porto Alegre. Esse é um marco
importantíssimo para a nossa história.
E não tenho dúvidas de que os
desenvolvimentos no terreno desportivo, atlético, na área da Educação Física,
da Fisicultura que tivemos aqui no Estado - temos excelentes padrões técnicos
nessa área - devem-se, sim, àquela grande carga afetiva, emocional, histórica
que a Universíade propôs. Imantou, por assim dizer, a alma de Porto Alegre, a
alma gaúcha e, de resto, a alma brasileira e latino-americana. Imaginem o que
é, o que representa, o papel dos construtores da Universíade há 40 anos.
Imaginem o que é fazer uma competição do tamanho, da grandeza, da envergadura
da Universíade. Eu diria até, dados os recursos que não eram muitos, que foi
uma obra de gigantes. Aqueles que empalmaram e construíram aquele grande acontecimento,
há 40 anos, foram verdadeiros heróis e gigantes e prestaram um magnífico
serviço à Cidade, ao Estado, ao Brasil e à América, porque são jogos mundiais.
E o Rio Grande, Porto Alegre, ganhou muito com o acontecimento fora dos lindes
da competição, do que ele representa, do terreno olímpico da competição. O
Estado e a Cidade ganharam, porque o Brasil, o Rio Grande, se projetaram no
mundo, nos centros universitários mundiais. Então, hoje, aqui, nós estamos
reflexionando sobre o momento que está na memória mesmo na daqueles que não
participaram, mesmo na mente dos jovens de 10, 15, 20 anos. Esses jovens têm a
história da memória, pela própria comunicação oral, o que foi a Universíade. Se nós falarmos com muitos alunos, em
determinadas escolas, eles vão nos dar, por detalhe, o que foi a Universíade.
Exatamente é esse o papel do magistério: passar os bons e grandes
acontecimentos às gerações que vêm vindo, às gerações do futuro. É um grande
momento. E nós queremos, aqui, saudar a todos – também os que se foram, já
mencionados, e aqueles que estão no nosso meio – por terem sido construtores da
nacionalidade, construtores da cidadania, construtores, enfim, dessa realidade
que a todos nos pertence, que é a nossa própria história, os nossos próprios
valores. A grande solidariedade que se instalou aqui nos fins agosto e início
de setembro, há 40 anos, cimentou para o futuro exatamente este País, esta
Cidade, esta Nação que somos, que busca na atividade, seja ela da cultura
atlética, de educação física, exatamente a solidariedade, a compreensão, a
busca dos valores assentados exatamente no grande princípio, na grande sentença
dos romanos, na grande sentença latina, corpore
sano in mens sana. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Sr. Luiz Augusto
Bastian de Carvalho está com a palavra.
O
SR. LUIZ AUGUSTO BASTIAN DE CARVALHO: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Ver. Carlos
Alberto Garcia está vinculado permanentemente ao esporte e ao esporte
universitário. Deve ser a segunda vez que ele promove uma reunião semelhante a
esta.
Falar sobre a Universíade em termos de
contar histórias, talvez seja um pouco cansativo, tantas vezes já fomos
chamados a falar sobre ela, mas confesso que, passados 40 anos da Universíade,
eu penso nela como se fosse nesta semana.
Eu me comovi ao ouvir o Gaudeamus Igitur.
Tive um pouco de dificuldade de não derramar uma lágrima, pois, realmente,
aquilo tocou no meu coração, porque me trouxe à memória tudo o que aconteceu.
Não fui participante da organização da
Universíade, fui participante da parte técnica, como Diretor-Técnico. Então,
mais do que eu, quem pode falar das histórias - e falaria uma semana inteira,
de tanto que ele sabe, de tanto que fez - é o Dr. Darci de Araújo.
Compete a mim, então, dizer que a
Universidade ficou como um marco no esporte do Rio Grande do Sul, a ponto de
ser lembrada hoje com pormenores, com detalhes, com o lançamento de um livro
esta semana ainda, um livro muito bem elaborado, e eu pergunto: que outro
evento de 40 anos de idade no esporte é lembrado assim dentro da nossa Cidade?
Pode ser que haja, mas eu tenho que forçar a memória para me lembrar, e a
Universíade é lembrada por todos. Como disse o ilustre Vereador, pelos seus
participantes, pelos seus assistentes e até pelos jovens que não eram nascidos
na época e que já são até maduros hoje.
Foi um trabalho gigantesco, um trabalho
que durava o dia inteiro. Na época, eu era Diretor da Assembléia Legislativa,
que me colocou à disposição da Universíade, e conseguimos formar uma equipe
espetacular, de gente dedicada, e ninguém ganhou um centavo, pelo contrário,
muitos gastaram bastante para participar da Universíade. Havia problemas com
juízes das competições de atletismo, esse foi um problema fácil de resolver
graças à Escola de Educação Física da Universidade do Rio Grande do Sul que
colocou todos os seus estudantes, eu não sei se o Verner era estudante na
época, ainda não era, ou já era formado? Ele acena-me, confirmando que era
professor! E aquela equipe trabalhou dia e noite em diversos esportes, sem uma
retribuição, a não ser o agradecimento e a perpetuação na memória do esporte do
Rio Grande do Sul. Foi um grande evento, não sei se haverá outro semelhante em
Porto Alegre. Acho até que foi a única Universíade – e o Darci pode me ajudar –
realizada na América até hoje, a única. Enfrentando a sua direção superior, que
eram as cinco pessoas já nominadas: Henrique Halpern, Darci Votto de Araújo,
Edgar Sanchez Lauren, Adonis Escobar e Carlos Alberto Giulian, fizeram o que
puderam e o que não poderiam fazer e trouxeram a Universíade. Então a eles,
principalmente, porque nós, da parte técnica, fomos os executores, mas os
planejadores, aqueles que trouxeram a Universíade para Porto Alegre, foram
realmente esses cinco nomes e a eles deve ser dado todo o agradecimento do povo
do Rio Grande do Sul e desta Câmara, que é a mais perfeita representação da
nossa população, aqui estão os representantes do povo de Porto Alegre, e eu vou
contar algo que talvez não saibam, eu participei desta Câmara por duas vezes,
uma vez quando exerci o mandato de Vereador, por um mês, como Suplente da UDN,
em 1956, numa licença do Ver. Adel Carvalho, que não é meu parente, eu exerci o
cargo, eu era o segundo suplente, o primeiro suplente era o Ver. Mário Marques
que não quis assumir e eu fui chamado, e outra vez, depois quando, hoje, o
Deputado Jair Soares, eleito Vereador, convidou-me para ser chefe de gabinete e
eu estive com ele aqui trabalhando, eu já era aposentado da Assembléia, mas não
podia deixar de servir a um amigo, a um colega, porque ele é funcionário da
Assembléia como eu, e é um homem em que eu acredito.
Muito obrigado a esta Câmara,
representada pelo seu Presidente da Sessão, Reginaldo Pujol, pelos Vereadores
que aqui compareceram e que participam desta solenidade, e pelo Professor
Carlos Alberto Garcia, na certeza de que ele ganhou mais um pedaço do coração
do esporte universitário do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Sr. Darci Votto de
Araújo está com a palavra.
O
SR. DARCI VOTTO DE ARAÚJO: Boa-noite
senhoras e senhores. Conforme diz o Cleomar, ele me seca, porque sou o único, o
último representante da Universíade, mas quando o Vereador Garcia me disse
ontem que eu vinha falar, disse ele assim: “Tu vais falar, velhinho, trata do
coração”, e eu não sabia, para não pagar um vexame, como em outra vez o Cleomar
aqui fez, quando foi falar sobre a Universíade e começou a chorar, e aí pensei:
vai por escrito? Vai oral? Aí eu pensei, se for oral, vai ser uma confusão, vou
tentar por escrito, e fiz um discurso bastante grande, que, agora, vou diminuir
pela metade, porque depois que falou o meu querido amigo Ver. Garcia, o Ver.
Darci Campani e o Ver. Sebenelo, não vou fazer mais nada!
Eu sempre fico na dúvida se leio ou se
falo de improviso. Vou ler.
Querido amigo Presidente da Sessão, amigo
de outras lutas, antes e após a Universíade, Dr. Reginaldo Pujol; Sr.
Presidente representante da CDR, Sr. Ybraim Gonçalves; querido amigo Dr. Lélio
Soares de Araújo, que, infelizmente, não é meu parente, mas poderia ser,
Presidente do Parathon Clube; Sr. Vilson Martins, representante do Sr.
Prefeito; querido amigo Cel. Tarso Antonio Marcadella, Chefe do Estado Maior da
Brigada Militar; Capitão Tenente Leandro de Oliveira Pires, da Delegacia da
Capitania dos Portos de Porto Alegre; Srs. Vereadores, senhoras e senhores,
amigos, amigas, minha nova amiga, particular, em quem estou apostando muito,
Major Anamaria; minha filha, meu neto, minha esposa, minha irmã, meu cunhado,
demais presentes; querida Câmara de Vereadores da cidade de Porto Alegre – se
eu não conseguir terminar o discurso, vocês me desculpem -, dignamente
materializada, fisicamente, nas pessoas dos seus Vereadores e, muito
especialmente, para nós, ainda aqui, da Universíade de 1963, Ver. Reginaldo
Pujol e Carlos Alberto Garcia; e ainda, para materializar esta Casa importante,
amiga de todos, os especiais funcionários da Casa.
Ontem, no Ginásio da Brigada Militar, por
ocasião da maravilhosa festa do basquete, para assinalar a nossa medalha de
ouro nos jogos de basquete na Universíade de 1963, após ter sido agraciado com
um lindo troféu, recebi a incumbência de falar. Cumpri as ordens deste meu
grande chefe, Ver. Garcia.
Querida Câmara de Vereadores da cidade de
Porto Alegre! Qual é a surpresa? Porque “querida”? Porque de 1963 até hoje,
2003, se passaram 40 anos, e ela nunca mudou. Foi sempre companheira, amiga
leal, sincera, justa, importante, interessada, participativa direta; nunca nos
disse não, ao contrário, sempre nos disse sim, quando da Universíade de 63. Nos
apoiou, nos prestigiou e, o mais importante, acreditou em nós e na Universíade
de 63, sem nunca ter nos perguntado: Vai dar certo? É isso aí que vocês querem
e pretendem? Não, não esqueçam meus amigos que esta é uma Casa Pública onde as
coisas, às vezes, não são fáceis, mas para nós, da Universíade de 63, aqui, foi
sempre a nossa Casa, para qualquer problema que houvesse, há 40 anos passados,
quando se tratava da Universíade. Aqui, sempre recebemos atenção, soluções,
carinho, amor e o principal: segurança com amparo para prosseguirmos e
conseguirmos, com sucesso a vitória em todas as frentes, para chegarmos à
Universíade e hoje aqui.
Eu tenho recebido, injustamente, algumas
críticas de que “só falo em mim”. Não é verdade e todos sabem disso! Graças a
Deus - obrigado ao meu grande Arquiteto do Universo, Deus -, ainda estou aqui
para, em nome de todos, do Comitê Organizador, do Comitê Executivo,
colaboradores especiais, importantes e úteis da Universíade de 63, agradecer
sempre, por tudo, a esta Casa, especialmente aos Vereadores Reginaldo Pujol e
Carlos Alberto Garcia, que vêm carregando com bravura e denodo o andor da Universíade
de 63, sempre exaltando e respondendo homenagens a ela, a Universíade.
Falo em nome de todos os colaboradores
dos departamentos que ainda se encontram aqui e os que já estão no outro plano.
A Universíade de 63 foi uma felicidade
concreta porque foi completa, composta por homens fora de série, todos craques,
e somente por eles serem iluminados é que ainda hoje, após 40 anos, podemos,
decorrido tanto tempo, comemorar com alegria e felicidade o evento do século: a
Universíade.
Eu não ia citar nomes - dizem que citar
nomes não vai dar certo porque vai vir a omissão -, mas eu tenho que citar
porque pode ser que, conforme diz o Cleomar, eu não esteja aqui no ano que vem
ou na outra programação. Então eu tenho que aproveitar o momento para dizer e
falar nas pessoas. Eu sempre digo que sou apenas, e ocasionalmente com muita
honra, o porta-voz para agradecimento dos fora-de-série. Então tem os
Meneghetti, os Aranha, os Paglioli, os Loureiro da Silva, os Magalhães, os
Adonis, os Laurent, os Giuliani, os Severo, os Neper, os Felix Vianna, os Fanti
e outros que não sabemos onde andam. Também tem o grande HH, o Henrique Hapel,
Ferrugem, um dos cabeças-coroadas da Universíade. Quero também agradecer ao
Pujol, pela nova praça com o nome do Ferro. Obrigado, Pujol!
Continuando, na mancada, mais nomes dos
quais me lembrei: os Guarita, os Ayub, os Habiaga, os Vechio, os Oscar, os
Godoy Bezerra, Major Rupperti, Dr. Sérgio, Luiz Carlos Fortuna, etc., etc.
Como eu pretendo ainda vir a esta Casa em
2013, nos 50 anos da Universíade, aí sim já velhinho, com “8.6” de anos, hoje,
por vários motivos, estou feliz, porque estou assistindo que outros iluminados
começam a trabalhar para que a U/63 não caia no esquecimento e para preparar
uma nova Universíade, conforme diz o meu querido Vereador. Falo no jovem,
futuroso e brilhante jornalista Rodrigo Koch, que, num trabalho de muita
pesquisa e paciência, editou o primeiro livro sobre a Universíade de 63. Foi
ótimo, e obrigado pela importante e valiosa colaboração para a memória da Universíade.
No CEME, Centro de Memória do Esporte da UFRGS – o Prof. Nilo Castro,
representante –, dirigido pela capacidade e cultura profissional da Dr.ª Prof.ª
Silvana, em breve, ao serem inauguradas as suas novas instalações, haverá um
espaço especial e único para ser o Museu da Universíade.
A Drª e Profª Cornélia Hulda Volkart,
Diretora do Centro de Ciência da Saúde da Unisinos, além de participar na
edição do livro do Rodrigo, no sábado, no União, disse, textualmente, que a
Unisinos pensa, quer e está trabalhando para realizar outra Universíade. Isso é
uma maravilha! O Vereador tinha razão quando disse que se podia fazer.
É por isso, e somente por isso, que tenho
que ainda continuar por aqui. Vocês sabem qual é a principal vantagem, entre
muitas outras, de eu ainda andar por aqui, junto com o meu amigo Dunga? É que
somos os únicos que sabem tudo a mais da Universíade, posso mentir e inventar
qualquer coisa que ninguém poderá nos refutar.
Por último, e já dando uma de Maguila,
sempre mais um abraço e um recado, ontem no Ginásio da Universíade da Escola de
Educação Física da Brigada Militar, fiquei feliz em ver o estado do Ginásio, as
competições, os eventos que lá são organizados, o profissionalismo com que é
administrado, comandado pela Major Ana Maria e pela Capitã Jaqueline.
Foi uma felicidade muito grande eu
conseguir entrar no Ginásio depois de muitos anos.
Vocês sabem que depois da fala do Ver.
Carlos Alberto Garcia, do Ver. Darci Campani, do Ver. Cláudio Sebenelo e do
Ver. Alceu, me tiraram tudo o que eu ia falar, disseram tudo o que eu ia dizer.
Então, como o Ver. Pujol disse que ia me cassar a palavra se eu falasse mais de
duas horas, vou terminar.
Obrigado por mais esta homenagem, pela
lembrança dos 40 anos da Universíade, e, se Deus quiser, ainda volto aqui nos
seus 50 anos.
E há mais uma coisa, eu vou contar uma
história, não fiquem brabos.
Quando eu estava na Holanda, em 2001, na
casa da minha filha, em Amsterdã, me disseram que eu ia ser homenageado aqui
pela Câmara de Vereadores, e eu disse, lá, para minha neta: “Patrícia, parece
mentira, depois de quase 40 anos vão começar a reconhecer”. E ela disse,
sabiamente: “Mas, vô, que maravilha isso! Faz quase 40 anos e ainda se lembram
da Universíade, possivelmente os homens públicos que vão te propor este Título
quase que não eram nascidos e ainda se lembram de ti”. Então, hoje depois de
ter ouvido a fala dos Vereadores da Casa, é uma emoção muito grande pela
verbosidade, pela veemência, pela sinceridade, pelos fatos que eles contaram. A
Universíade não vai morrer nunca!
Se Deus quiser, vamos estar aqui nos
próximos dez anos para comemorar os cinqüenta anos e ver o Professor Garcia,
que acho que não estará mais aqui, será Deputado Federal, se Deus quiser, e vai
falar de lá.
Muito obrigado a todos. Major, muito
obrigado pelo seu trabalho, fiquei emocionado, agradecido a todos os presentes.
Muito obrigado meu amigo Pujol, muito obrigado meu ainda colega Luiz Carvalho,
vamos ver se agüentamos eles ainda por muito tempo. Valeu! Desculpem qualquer
coisa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Bem, senhores e
senhoras, com o pronunciamento emocionado dos dois representantes da
Universíade de 1963 nesta Sessão Solene, o Luiz Augusto Bastian de Carvalho e o
Darci Votto de Araújo, nós nos encaminhamos para o término da presente Sessão.
Ao tempo em que agradeço a presença de todos os senhores, especialmente do
Lélio Soares de Araújo, do Vilson Martins, do Coronel Tarso Antonio Marcadella,
Chefe do Estado Maior da Brigada Militar, do representante da Delegacia da
Capitania dos Portos de Porto Alegre, Capitão-Tenente Leandro de Oliveira Pires
e de inúmeros convidados que prestigiaram esta Sessão Solene, de todos os
matizes clubísticos, desde o colorado Arthur Dalegrave até os cruzeiristas que
aqui se fazem presentes, e da família tricolor, um pouco encolhida no presente
momento, mas sempre presente e confiante. Agradeço, então, a presença de todos.
Fico muito feliz em ter presidido esta Sessão. Todos sabem que é um pouco
pesado para mim, que participei da Sessão do 10.º ano, do 15.º, do 20.º, do
25.º, do 30.º, não ver presente, hoje, aqui, algumas pessoas. Isso, realmente é
um pouco duro para mim, especialmente porque conquistei na vida um irmão que os
meus pais não me deram, consegui isso na figura muito especial do Henrique
Halpern, o “Ferrugem”, que foi quem me introduziu no amor à Universíade,
posterior a sua realização, já que, na oportunidade, quem me conduziu até o
edifício do Banco do Brasil para contribuir inicialmente com o Rivadávia Severo
no Gabinete de Imprensa foi o seu irmão José Antônio Severo, que me acompanhou
depois até o “Mata-Borrão” para trabalhar com o Godói de Bezerra, que, enfermo,
não se encontra conosco no dia de hoje. Portanto, eu gostaria de prestar uma
grande homenagem a ele, porque realmente o Godói, que o Luiz Carvalho muito bem
conhece, nosso companheiro da gloriosa União Democrática Nacional, e, quando
toda a imprensa desportiva de Porto Alegre não acreditava na Universíade,
entendia que era um monte de irresponsáveis e de aloucados que iriam
comprometer a imagem da Cidade, do Estado e do País, o Godói assumiu o nosso
Gabinete de Imprensa com grande entusiasmo, com muita dedicação e com muita fé.
Então, agradeço a presença de todos e
quero anunciar que o Prefeito João Verle esteve aqui hoje à tarde e o Ver. João
Antonio Dib, Presidente da Casa, também me informou que há uma deliberação: nós
estamos decretando, hoje, que o meu querido amigo Luiz Augusto Bastian de
Carvalho e o meu querido amigo Darci Votto de Araújo estão convocados, desde
já, sem direito de estarem ausentes, a estarem conosco no 50.º aniversário da
Universíade daqui a dez anos. É um decreto! (Palmas.)
Não encerraremos sem antes dar
oportunidade ao Darci, que quer dizer mais uma pequena coisa.
O
SR. DARCI VOTTO DE ARAÚJO: Desculpe, Vereador, mas eu, hoje, ao
entrar aqui, fui chamado a atenção - e aí estão o Ver. Pujol, o Ver. Darci
Campani, Cláudio Sebenelo e o Elói Guimarães -, no sentido de que deve ser
feito um local que marque a Universíade, porque “o Darci, o Luiz Carvalho, o
Dunga, esse pessoal todo vai passar” e eles deram um exemplo que podia ser uma
avenida, aquela elevada que existe saindo da Ipiranga, passando em frente ao
Ginásio da Universíade, e que ali poderia ser a Elevada da Universíade, que é
local que não tem nome nenhum e que marcaria, porque a Universíade merece um
logradouro público. Esse é o apelo que eu queria fazer, aliás, apelo não,
obrigação, para providenciar. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Nesse momento
convidamos todos os presentes a ouvirmos o Hino Rio-Grandense.
(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)
Agradecemos a presença de todos e damos
por encerrada a presente Sessão Solene.
(Encerra-se a Sessão às 20h55min.)
* * * * *